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Podemos fazer sexo anal?

Há dias vejo um vídeo se propagando entre meus amigos do facebook sobre sexo anal. As explicações são boas e anatomicamente aceitáveis. O que me chamou a atenção foi o interesse das pessoas em tornar o vídeo conhecido para educar os casais e corrigir o erro dessa prática “nojenta”. Lembro-me de dois pastores compararem o ânus com esgoto quando falavam de sexo anal. É, pelo jeito, “parece” que aquele lugarzinho não é mesmo desejado por ninguém. Na verdade me pareceu mais uma fissuração pelo assunto do que mesmo rejeição. Com raras exceções, atrás de todo ódio velado, existe uma atração pelo assunto.

Depois de criar o homem e a mulher “viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom”. Fomos criados com as genitálias e com desejos sexuais, o que nos mostra que Deus tem bom gosto e nos criou para usufruirmos desse que é um dos melhores prazeres desta vida – o prazer sexual. Infelizmente fomos ensinados desde a infância que o sexo é feio e errado. Os pais repreendiam e repreendem o menino quando acaricia seu “pinto” e a menina quando toca em sua vagina. Você lembra de conversas educativas sobre sexo com seus pais?

A educação sexual que os pais passam aos filhos é um vexame porque tem aquele efeito dominó, passam o que receberam, pois desde há muito tempo essa cultura é passada de pais para filhos - que o sexo é apenas para procriar e só se deve tratar dele no casamento. Enquanto isso, as coisas acontecem como se não acontecessem ou como não gostaríamos que acontecesse. Os adolescentes conhecem a prática sexual cada vez mais cedo e os problemas se avolumam nessa área com gravidezes precoces e DSTs por causa da ignorância sexual.

Entre os religiosos o sexo ainda é tratado com muitos tabus e preconceitos. Os jovens nas igrejas sofrem com a abstinência, com práticas escondidas, com a masturbação (sempre vista como pecado), com a pornografia cada vez mais acessível, com namoros eróticos e com a santidade de fachada que tem aparência de piedade, mas nenhum poder contra a sensualidade. As paixões da mocidade são tratadas nas igrejas apenas com regras moralistas que em nada ajudam aos jovens que sofrem com hormônios à flor da pele. Os solteiros vivem uma luta sem trégua: não podem praticar o sexo, mas também não podem negar a realidade dos impulsos sexuais. Muitos casam apenas para não viverem mais abrasados de desejos. Depois descobrem que precisavam de algo mais para concretizar um casamento.

O Cristianismo é o maior responsável pela imagem negativa do sexo no mundo ocidental. Leia o livro “Eunucos pelo reino de Deus” para ter uma ideia do que estou dizendo. O pessimismo sexual cristão tem raízes pagãs e gnósticas que se infiltraram na Igreja desde o princípio, se espalharam pelo mundo e continua repercutindo em nossos dias. Entre esses efeitos negativos está a depreciação da mulher e a imagem distorcida do casamento, a repressão sexual e ao mesmo tempo a libertinagem. A virgindade de Maria mãe de Jesus foi usada erroneamente contra o sexo como se essa prática não tivesse a aprovação de Deus, exceto para procriar.

As perguntas sem respostas ou respostas que não satisfazem deixam muitos vivendo pela metade quando o assunto é sexo. Saber o que é da vontade de Deus nessa área é um problema para muitos, pois os desejos, pensamentos e imaginações não encontram lugar na cultura religiosa predominante nas igrejas em geral. Muitos vivem uma realidade sexual que não podem revelar, caso contrário, teriam suas cabeças caçadas, ou melhor, suas membresias questionadas. As pessoas não se abrem porque já sabem como serão tratadas.

Perguntas como: Sexo oral e anal é pecado? Quantas vezes por semana um casal deve ter relação sexual? Que posições são certas ou erradas? Um cristão pode ter fantasias sexuais? Sexo sem um casamento civil é pecado? O que a Bíblia realmente fala sobre sexo? Essas e uma inúmera lista de outras perguntas continuam gerando polêmicas em nossa sociedade hipócrita que não tem coragem de encarar o sexo como ele é na prática, na vida real.

Ninguém precisa estudar medicina ou ler uma enciclopédia para saber que o sexo anal não é o meio convencional de ter sexo, que o ânus não tem a função orgânica de receber o pênis como a vagina, que as fezes saem por aquele canal que é infestado de bactérias. Quem não sabe disso desde sempre? Mas isso não quer dizer que essa questão fisiológica feche o assunto do sexo anal. A vida é mais que funções primárias num mundo de desejos, imaginações, fantasias, imperfeições e liberdade de expressão. Os gostos são relativos quando o assunto é sexo.

No ato conjugal os corpos se conjugam e os dois se tornam uma só carne. Na relação sexual a junção vai além dos corpos. Por isso, o marido deve dar à esposa tudo o que ela precisa no sexo, e também, semelhantemente, a esposa, deve dar ao seu marido tudo o que ele precisa sexualmente. O corpo da mulher é do seu marido, e o corpo do marido é de sua mulher. Um não deve privar o outro das delícias do amor conjugal, exceto por mútuo consentimento. Isso equivale dizer que a prática sexual do casal depende tão somente dos dois – mútuo consentimento. Não é apenas a vagina da mulher que pertence ao marido no ato conjugal, mas todo o corpo; como também não é apenas o pênis do marido que pertence à esposa, mas todo o seu corpo. Se sua esposa se excita no dedão do pé, por exemplo, chupe o dedão do seu pé. O nosso corpo é cheio de sensações agradáveis e feliz é o casal que sabe explorar isso.

No ato sexual os limites são quase ilimitados, como nos mostra a poesia bíblica, onde sexo tem tempo e acontece em todo o tempo, a eroticidade tem cor, cheiro, gosto, sabor, paladar, variedades, suspense, sedução, contemplação, mutualidade, fidelidade, valorização, amizade, fraternidade, respeito; os seios da amada são fonte de prazer, sua vagina é comparada a uma taça de vinho (sexo oral), a nudez é apreciada, os corpos dançam e são admirados, os beijos têm qualidade, o amor se declara e desmaia de prazer porque os apaixonados são fracos. O amor é invendável, é livre, é dado de graça. Assim é o amor, selado no coração e nas ações, porque o amor é forte como a morte – vitorioso, irresistível.

A intimidade do casal diz respeito apenas aos dois e a mais ninguém. Feliz é o casal que não se condena naquilo que aprova. Pesquisas mostram que a maioria dos casais têm relações sexuais entre duas e três vezes por semana, mas nada impede que se faça todos os dias ou uma vez por semana; as posições sexuais dependem da criatividade e do bom gosto de ambos; o ambiente das relações pode variar conforme as possibilidades e desejos; sexo antes de um casamento cartorial? Bem, disso tratarei noutra ocasião.

E o sexo anal? Pode ou não pode? Você já percebeu minha opinião. Esse é um assunto que cada casal decide entre si. Quem faz sexo anal não despreze o que não faz; e o que não faz não julgue o que faz, porque Deus acolhe a todos. Nosso corpo é todo erógeno: cabeça, cabelos, orelhas, lábios, língua, pescoço, mamilos, axilas, costas, mãos, barriga, nádegas, testículos, clitóris, coxas, pernas, joelhos, pés. O ânus é uma zona erógena tanto para homens como para mulheres. Isso não significa que deve haver penetração; carícias nessa região também podem dar muito prazer, se o tabu deixar. Alguém já disse que sexo anal é como carne de porco. Não é bom comer todo dia, mas estando bem limpinha é uma delícia. Se você vai praticar sexo anal use camisinha, use um bom lubrificante, relaxe a musculatura na hora da penetração, seja paciente, e seja feliz sem culpa e sem medo!

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