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Vida abundante

O tempo vai passando, a idade aumentando, as experiências se ampliando e a maneira de ver a vida se objetivando. Estou lendo um livro de John Maxwell, e uma frase dele esta semana me chamou a atenção: “Quanto mais velho e experiente, mais específico você deve ser”. A proximidade da velhice me ensina a focar no que mais importa. Não há tempo a perder. Urge agir bem. Não só a vida vai acabar aqui, mas, mesmo antes que isso aconteça, as debilidades limitarão meu campo de atuação conforme Eclesiastes 12.1-8. Assim sendo e assim é, devo viver plenamente para Deus em todos os aspectos da vida. Devo viver de um modo digno do evangelho de Cristo, fazendo tudo de coração, como para o Senhor e não para homens (Fp 1.27; Cl 3.23). Quem aprende a viver recebendo tudo de Deus e devolvendo tudo a Deus, vive abundantemente, pois a vontade de Deus para nós é sempre boa (Jr 29.11; Rm 12.1-2). Como bem dizia Corrie ten Boom: “Deus não tem problemas, somente planos”. “Deus não joga dados”, dizia Albert Einstein. A vida é para ser bem vivida.
 
Hoje acordei pensando no texto de Eclesiastes citado acima. Fiquei meditando: A vida deve ser vivida com intensidade, qualidade, empenho, entusiasmo. Tudo em mim deve ser vivido com garra, com força, com dedicação. O texto diz que no além, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. Essa é uma maneira de dizer que depois da morte entramos noutra dimensão de vida. Não é que morreu acabou. O livro bíblico de Eclesiastes fala da vida do ponto de vista humano, como as coisas acontecem “debaixo do sol”. Olhando por esse prisma, para quem está vivo tudo acaba para quem morre. Porém, isso não expressa plenamente a verdade. A morte é apenas uma passagem para a realidade eterna. A vida continua. O que ainda deve ser observado na passagem em consideração, é que há um padrão para esta vida e outro modo de vida para além deste tempo em que vivemos. Quem está do lado de lá, não pode interferir do lado de cá (Lc 16.19-31). A vida aqui é breve e passageira. Considerando isso, devemos viver com galhardia cada momento que Deus nos dá. Nunca é demais dizer que a palavra “entusiasmo” significa “Deus em você”.

Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10). Essas palavras de Jesus têm sido bem propaladas. Mas será que temos realmente entendido o que elas significam? O que é uma vida abundante do ponto de vista de Jesus? Será muita saúde, muito dinheiro, muito prazer, muita cultura, muita sorte? Será tudo isso e muito mais? Será nada disso e pelo contrário, uma vida mais que biológica, uma vida eterna? Mas, vida eterna é apenas vida sem fim? Vida eterna é uma experiência para após a morte ou já se torna real aqui? O que é vida abundante? Tem a ver mais com durabilidade, mais com qualidade, ou com ambas? O que é vida abundante? Você conhece a vida abundante que Jesus veio trazer? Por mais que possa parecer antiquado, bitolado, ultrapassado e superado, não tem como falar de vida abundante sem considerar nossa condição de pecadores. A Bíblia diz: “Todos pecaram e carecem da glória de Deus”. E mais: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 3.23; 6.23). Só encontramos vida abundante, na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo disse: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7.38).

Acredito que uma das maiores expressões de maturidade cristã, é viver com naturalidade. Jesus Cristo viveu entre nós como homem e como Deus. Ele foi o único homem perfeito que habitou na terra. No entanto vivia com naturalidade. Não havia lugar que Jesus não entrasse, não tinha pessoa que ele não amasse. Ele quebrou paradigmas e contrariou a nata religiosa de seus dias. Ele não negou ter sede e fome. Quando cansado dormiu, quando perseguido se ausentou. Ou seja, ele viveu sua perfeita humanidade com naturalidade. Ele era tão comum que Judas teve que indicar uma senha para que os homens lhe prendessem. Quando conversou com a mulher samaritana, ela o identificou facilmente como um judeu. O grande problema de muitos “evangélicos” em nossos dias, é que estão presos a chavões, rituais, cerimoniais, usos e costumes, e regrinhas humanas que em nada contribuem para andarmos mais perto de Deus. Vida abundante é viver com naturalidade, cheio do Espírito Santo, mostrando “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5.22-23). Vida abundante é não negar que está doendo quando está doendo, mas não perder a fé em Deus por isso. Vida abundante é usufruir os prazeres da vida com alegria, é alegrar-se ao matar a sede com água, é vibrar com o sabor de uma fruta, e assim por diante. É possível ter vida abundante. Para isso Jesus veio (Jo 10.10).

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